sábado, 27 de agosto de 2011

O Poderoso Chefão


O ex-ministro José Dirceu mantém um “gabinete” num hotel de Brasília, onde despacha com graúdos da República e conspira contra o governo da presidente Dilma
Há muitas histórias em torno das atividades do ex-ministro José Dirceu. Veja revela a verdade sobre uma delas: mesmo com os direitos políticos cassados, sob ameaça de ir para a cadeia por corrupção, o chefe da quadrilha do mensalão continua o todo-poderoso comandante do PT. Dirceu é um homem de negócios, mas continua a ser o homem do partido.
O “ministro”, como ainda é tratado em tom solene pelos correligionários, mantém um “gabinete” num hotel de Brasília, onde despacha com senadores, deputados, o presidente da maior estatal do país e até ministro de estado — reuniões que acontecem em horário de expediente, como se ali fosse uma repartição pública.
E agora com um ingrediente ainda mais complicador: ele usa o poder e toda a influência que ainda detém no PT para conspirar contra o governo Dilma — e a presidente sabe disso.
O que leva personagens importantes e respeitáveis, como os que aparecem nas imagens que ilustram esta reportagem, a deixar seu local de trabalho para se reunir em um quarto de hotel com o homem acusado de chefiar uma quadrilha responsável pelo maior esquema de corrupção da história do Brasil? Alguns deles apresentam seus motivos: amizade, articulações políticas, análise econômica, às vezes até o simples acaso. Há quem nem sequer se lembre do encontro.
Outros preferem não explicar. Depois de viver na clandestinidade durante parte do regime militar, o ex-ministro José Dirceu se tornou habitué dos holofotes com a redemocratização do país. Foi fundador e presidente do PT, elegeu-se três vezes deputado federal e comandou a estratégia que resultou na eleição de Lula para a Presidência da República. Como recompensa, foi alçado ao posto de ministro-chefe da Casa Civil.
Foi um período de ouro para ele. Dirceu comandava as articulações no Congresso, negociava indicações de ministros para tribunais superiores, decidia o preenchimento de cargos e influenciava os mais apetitosos nacos da administração federal, como estatais, bancos públicos e fundos de pensão. Dirceu se jactava da condição de “primeiro-ministro” e alimentava o próprio mito de homem poderoso.
Sua glória durou até que ele fosse abatido pelo escândalo do mensalão, em 2005, quando se descobriu que chefiava também um bando de vigaristas que assaltava os cofres públicos.
Desde então, tudo em que Dirceu se envolve é sempre enevoado por suspeitas. Oficialmente, ele ganha a vida como um bem-sucedido consultor de empresas instalado em São Paulo. Mas é em Brasília, na mais absoluta clandestinidade outra vez, que ele continua a exercer o seu principal talento.
A 3 quilômetros do Palácio do Planalto, Dirceu mostra que suas garras estão afiadas. Ainda é chamado de “ministro”, mantém um concorrido gabinete num quarto de hotel, tem carro à disposição, motorista, secretário e, mais impressionante, sua agenda está sempre recheada de audiências com próceres da República — ministros, senadores e deputados.
As autoridades é que vão a José Dirceu. Essa inversão de papéis poderia se explicar por uma natural demonstração de respeito pelos tempos em que ele era governo. Não é. É uma efetiva demonstração de que o chefão ainda é poderoso.
Dirceu tenta recuperar o prestígio político que tinha no governo Lula, usando como arma muitos aliados que ainda lhe beijam o rosto. Convoca-os como soldados, quando necessário, numa tentativa de pressionar a presidente Dilma a atender a suas demandas. Ou torná-la refém por meio da pressão dos partidos.
Esse trabalho de guerrilha — e, em alguns momentos, de evidente conspiração — chegou ao paroxismo durante a crise que resultou na queda de Antonio Palocci da Casa Civil.
Naquela ocasião, início de junho, Dirceu despachou diretamente de seu bunker instalado na área vip de um hotel cinco-estrelas de Brasília, num andar onde o acesso é restrito a hóspedes e pessoas autorizadas. Foram 45 horas de reuniões que sacramentaram a derrocada de Antonio Palocci e durante as quais foi articulada uma frustrada tentativa do grupo do ex-ministro de ocupar os espaços que se abririam com a demissão.
Articulação minuciosamente monitorada pelo Palácio do Planalto, que já havia captado sinais de uma conspiração de Dirceu e do seu grupo para influir nos acontecimentos que ocorriam naquela semana — acontecimentos que, descobre-se agora, contavam com a participação de figuras do próprio governo.
Em 8 de junho, numa quarta-feira, Dirceu recebeu no hotel a visita do ministro do Desenvolvimento, o petista Fernando Pimentel. Conversaram por 28 minutos. Sobre o quê? Pimentel diz não se lembrar da pauta nem de quem partiu a iniciativa do encontro. Admite, no entanto, falar com frequência com o ex-ministro sobre o contexto brasileiro.
É uma estranha aproximação, mas que encontra explicação na lógica que une e separa certos políticos de acordo com o interesse do momento. Próximo a Dilma desde quando era estudante, Pimentel defendeu, durante a campanha, a ideia de que a então candidata do PT se afastasse ao máximo de Dirceu.
Pimentel e Dirceu estavam em campos opostos. Naquela ocasião, o atual ministro do Desenvolvimento nutria o sonho de se tornar o futuro chefe da Casa Civil.
Perdeu a chance depois de Veja revelar que funcionários contratados por ele para trabalhar na campanha montaram um grupo de inteligência cujas tarefas envolviam, entre outras coisas, espionar e fabricar dossiês contra 
os adversários, principalmente o concorrente do PSDB à Presidência, José Serra.
No novo governo, Pimentel foi preterido na Casa Civil em favor de Palocci. O mesmo Palocci que, no primeiro mandato de Lula, disputava com Dirceu o status de homem forte do governo e de candidato natural à Presidência da República.
Um cacique petista tenta explicar a união recente de Pimentel com José Dirceu: “No PT, é comum adversários num determinado instante se aliarem mais à frente para atingir um objetivo comum. Isso ocorre quando há uma conjução de interesses.”
Será que Pimentel queria se vingar de Palocci, a quem considerava um rival dentro do governo?
Dois dias antes, na segunda-feira, Dirceu esteve com José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras. Gabrielli enfrenta um processo de fritura desde o fim do governo Lula. A presidente Dilma não cultiva nenhuma simpatia por ele. Palocci pretendia tirar Gabrielli do comando da estatal.
Gabrielli precisava — e precisa — do apoio, sobretudo do PT, para se manter no cargo. Dirceu é consultor de empresas do setor de petróleo e gás. Precisa manter-se bem informado no ramo para fazer dinheiro. É o famoso encontro da fome com a vontade de comer — ou conjunção de interesses.
O presidente da Petrobras, que trabalha no Rio de Janeiro, chegou à suíte ocupada pelo ex-ministro da Casa Civil, no 16º andar do hotel, ciceroneado por um ajudante de ordens. Permaneceu lá exatos trinta minutos. Ao sair, o presidente da Petrobras, que chegou ao quarto de mãos vazias, carregava alguns papeis consigo.
Perguntado sobre a visita, Gabrielli limitou-se a desconversar: “Sou amigo dele há muito tempo, e não tenho que comentar isso com ninguém”.
Naquela noite de segunda-feira, a demissão de Palocci já estava definida. O ministro não havia conseguido explicar a incrível fortuna que acumulou em alguns meses prestando serviços de consultoria — a mesma atividade de Dirceu.
Na terça-feira, horas antes da demissão de Palocci, Dirceu recebeu para uma conversa de 54 minutos três senadores do PT: Delcídio Amaral, Walter Pinheiro e Lindbergh Farias. Esse último conta que foi ele quem pediu a
audiência.
Qual assunto? Falaram do furacão que assomava à porta da Casa Civil. “O ministro Dirceu nunca falou um ‘ai’ contra o Palocci. Pelo contrário, sempre tentou resolver a crise com a ajuda da nossa bancada”, garante Farias.
De fato, a bancada foi decisiva — mas para sepultar de vez a tentativa de Palocci de salvar a própria pele. Logo após o encontro com Dirceu, os três senadores foram a uma reunião da bancada do PT e recusaram-se a assinar uma nota em defesa do então ministro-chefe da Casa Civil. Alegaram que a proposta não havia sido combinada com o Planalto.
Existiam outros motivos para a falta de entusiasmo: o trio também estava insatisfeito com Palocci. Delcídio reclamava do fato de não conseguir emplacar aliados em representações de órgãos federais em Mato Grosso do 
Sul, seu estado natal e berço político. “Num momento tenso como aquele, fui conversar com alguém que está sempre bem informado sobre os acontecimentos”, explicou Delcídio sobre o encontro com o poderoso chefão.
Pinheiro estava contrariado com a demissão de um petista do comando da Polícia Rodoviária Federal na Bahia. “O encontro foi para fornecer material para que ele publicasse um artigo sobre o projeto de lei que trata da produção audiovisual no país”, disse ele.
Lindbergh Farias, por seu turno, ainda digeria as tentativas fracassadas de ser recebido por Palocci. No fim da tarde de terça-feira, o ministro-chefe da Casa Civil entregou sua carta de demissão. E teve início a disputa pela sua sucessão.
Quando Gleisi Hoffmann já havia sido anunciada como substituta de Palocci, no mesmo dia 7 de junho, Dirceu recebeu o deputado petista Devanir Ribeiro. Foram 25 minutos de conversa. Já era sabido que, no rastro da saída de Palocci, Luiz Sérgio, um aliado de Dirceu, deixaria o ministério das Relações Institucionais.
Estava deflagrada a campanha para sucedê-lo — e Dirceu queria emplacar no cargo o deputado Cândido Vaccarezza, líder do governo na Câmara.
Procurado por Veja, Devanir, que é compadre do presidente Lula, negou que tivesse ido ao hotel conversar com Dirceu. Um lapso de memória, como deixa claro a imagem nesta reportagem. “Faz muito tempo que eu não o vejo.”
Na quarta-feira, 8 de junho, pela manhã, as articulações de Dirceu continuaram a pleno vapor. Ele recebeu o próprio Vacarezza. Durante 25 minutos, trataram, segundo o líder, do congresso do PT que será realizado em setembro.
“Converso com o Dirceu com regularidade. Como o caso do Palocci era palpitante, é possível que tenha sido abordado, mas não foi o tema central”, afirma o deputado — que, no início do governo Dilma, chegou a dar entrevistas como o futuro presidente da Câmara, mas acabou convencido a desistir de disputar o cargo por ter perdido apoio dentro do PT.
A agenda do chefão não se limita aos companheiros de partido. Duas horas depois do encontro com Vacarezza, foi a vez de o senador peemedebista Eduardo Braga adentrar o hotel.
Segundo o parlamentar, ele e Dirceu se encontraram por obra do acaso, no lobby, uma coincidência. O senador conta que aproveitou a coincidência para auscultar os ânimos do PT sobre o projeto do novo Código Florestal: “Queria saber como o PT se posicionaria. Ninguém pode negar que a máquina partidária petista foi arquitetada e construída pelo Dirceu. Ele respira o partido”.
O PMDB também respira poder. Com o apoio de Dirceu, peemedebistas e petistas fecharam um acordo para pressionar o Planalto a indicar Vacarezza ao cargo de ministro de Relações Institucionais no lugar de Luiz Sérgio. A substituição nessa pasta foi realizada três dias depois da queda de Palocci.
Informada do plano de Dirceu, a presidente Dilma desmontou-o ao nomear para o cargo a ex-senadora Ideli Salvatti. A presidente já havia sido advertida por assessores do perigo de delegar poderes a companheiros que orbitam em torno de Dirceu.
Mas Dilma também conhece bem os caminhos da guerrilha política. Chamada de “minha camarada de armas” por ele quando lhe foi passado o comando da Casa Civil, em 2005, a presidente não perde de vista os passos do chefão. Como? Pedindo a algumas autoridades que visitam Dirceu em Brasília informações sobre suas ambições.
“A Dilma e o PT, principalmente o PT afinado com o Dirceu, vivem uma relação de amor e ódio. Mas hoje você não pode imaginar um rompimento entre eles”, diz um interlocutor de confiança da presidente e do ex-ministro.
E amanhã? Se Dilma se consolidar como uma presidente popular e, mais perigoso, um entrave a um novo mandato de Lula, o tal rompimento entra no campo das possibilidades. “Nunca a turma do PT foi tão lulista como hoje. Imagine em 2014”, afirma um cardeal do partido. Ele é mais um, como Dirceu, insatisfeito com o fato de a legenda não ter conseguido, como previra o ex-ministro, impor-se à presidente da República.
Dilma está resistindo bem. Uma faxina menos visível é a que ela está fazendo nos bancos públicos. Aos poucos, vem substituindo camaradas ligados a Dirceu por gente de sua confiança. E o chefão não está nada contente com isso. Tanto que tem alimentado o noticiário com denúncias contra pessoas muito próximas à presidente, naquele tipo de patriotismo interessado que lhe é peculiar.
Procurado por Veja, Dirceu não respondeu às perguntas que lhe foram feitas. A suíte reservada permanentemente ao “ministro” custa 500 reais a diária. Para chegar de elevador, é preciso um cartão de acesso especial. Cada quarto do andar recebe uma única cópia.
Qualquer visita ao “ministro”, portanto, tem de ser conduzida ao andar. Esse trabalho de cicerone é feito por Alexandre Simas de Oliveira, um cabo da Aeronáutica, que foi assessor de Dirceu na Câmara dos Deputados até ele ter o mandato cassado.
Hoje, o cicerone é empregado do escritório de advocacia Tessele & Madalena, que tem como um dos donos outro ex-assessor de Dirceu, o advogado Hélio Madalena. O advogado já foi flagrado uma vez de caso com a máfia — a russa. Escutas feitas pela Polícia Federal mostraram que, na condição de assessor da Casa Civil, ele fazia lobby para conceder asilo político no Brasil ao magnata russo Boris Berezovski (mafioso acusado de corrupção e assassinato).
E Madalena foi flagrado outra vez na semana passada. É o seu escritório que paga a fatura do “gabinete” de José Dirceu. Na última quinta-feira, depois de ser indagado sobre o caso, Madalena instou a segurança do hotel Naoum a procurar uma delegacia de polícia para acusar o repórter de Veja de ter tentado invadir o apartamento que seu escritório aluga e, gentilmente, cede como “ocupação residencial” a José Dirceu.
O jornalista esteve mesmo no hotel, investigando, tentando descobrir que atração é essa que um homem acusado de chefiar uma quadrilha de vigaristas ainda exerce sobre tantas autoridades. Tentando descobrir por que o nome dele não consta da relação de hóspedes. Tentando descobrir por que uma empresa de advocacia paga a fatura de sua misteriosa “residência” em Brasília.
Enfim, tentando mostrar a verdade sobre as atividades de um personagem que age sempre na sombra. E conseguiu. Mas a máfia não perdoa.
Fonte: Veja via Blog do Noblat

Frase da semana


"Na verdade, o que nós percebemos ao longo dos últimos anos é que o PT institucionalizou uma prática em que o público e o privado se confundem sempre."
                                                                                         Aécio Neves

EMCFA - General De Nardi fala sobre os desafios futuros do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas


Estratégia de dissuasão envolverá mobilidade e comunicação integrada entre as forças
Brasília, 25/08/2011 — Gaúcho, nascido em Farroupilha, oriundo da arma de Artilharia com especialização em meios antiaéreos, colorado fanático, membro do Conselho-Diretor do Esporte Clube Internacional, o general-de-exército José Carlos De Nardi deixou a reserva para comandar a estruturação do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA).  “Era um desafio ao qual não podia me furtar. Quando recebi o convite, aceitei porque sempre acreditei na interoperabilidade das Forças”, afirmou. Para o general, que recentemente completou 50 anos de serviços prestados ao Exército, o primeiro ano do EMCFA lançou bases sólidas para o futuro de integração na defesa nacional. “Hoje”, ressalta, “não sou mais um oficial do Exército. Sou Marinha, Exército e Aeronáutica.”

Que balanço o Sr. faz do EMCFA em seu primeiro aniversário?
Gosto de usar uma metáfora. Um trem não sai da estação em sua velocidade normal. Sai devagarinho e, pouco a pouco, atinge a velocidade de cruzeiro. Diria que o EMCFA já saiu da estação. Está quase iniciando sua velocidade de cruzeiro. Com o desenrolar de nossa operações, o órgão se tornará cada vez mais conhecido e mais integrado à rotina operacional das Forças Armadas.

O que é interoperabilidade?
É um conceito amplo, que permite que um soldado, na linha de frente, esteja capacitado a se comunicar com um caça da Força Aérea ou a um navio da Marinha. No meu tempo de tenente, capitão, major, na antiaérea, a Força Aérea trazia seus próprios rádios, porque não era possível ao pessoal do Exército se comunicar com os aviões. Na Operação Ágata 1 já empregamos um sistema integrado, que permite a comunicação entre as Forças. Estamos apenas no início, mas seguimos uma tendência mundial.

Qual será a principal característica da defesa do Brasil no futuro?
A dissuasão regional. Temos fartura de energia, renovável e não renovável. Água, no Aquífero Guarani e na Bacia Amazônica. Alimentos, na Bacia Platina e no Sul e no Centro Oeste brasileiro. Riquezas naturais que podem ser alvo de cobiça internacional, nos próximos 20 ou 30 anos. Não se faz demonstração de força contra amigos. Por isso, a dissuasão deve se dar a partir da América Latina, para fora. Essa doutrina foi proposta pelo ex-ministro Nelson Jobim e aprovada por todos os países do subcontinente. Evidentemente, poderá haver crises em algumas fronteiras. A resposta para isso são forças de pronto emprego altamente móveis, prontas para serem deslocadas, rapidamente, para qualquer ponto do território nacional. Nesse sentido, digo sempre que o KC-390 (avião de transporte em projeto pela Embraer) será um meio fundamental para a efetivação de nossa doutrina.

Além do KC-390, quais seriam os outros meios fundamentais?
O KC-390 é uma grande jogada da Embraer, que percebeu um excelente nicho de mercado formado por 1.400 células de C-130 Hercules que chegam ao final de sua vida útil. Além dele, podemos citar o projeto Guarani, um avançado blindado sobre rodas capaz de múltiplas funções, que irá formar a espinha dorsal do Exército, e o projeto F-X2, que visa equipar a Força Aérea Brasileira com um vetor de ponta, seja qual for a aeronave escolhida. Temos também as aeronaves não tripuladas, os Vants. Porém, precisamos ressaltar dois pontos: um satélite geoestacionário multiuso, de comunicações e sensoriamento remoto, e o submarino nuclear. O primeiro será indispensável para o Sistema de Monitoramento de Fronteira (Sisfron) e o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (Sisgaaz). Hoje, dependemos de um satélite estrangeiro. Quanto ao submarino nuclear, devemos lembrar que depois que bastou a presença de um deles para imobilizar toda a Marinha Argentina na Guerra das Malvinas, principalmente depois do afundamento do cruzador General Belgrano.
Fonte: Ministério da Defesa

ASTROS 2020 - Governo libera recursos para aquisição de moderno sistema de foguetes nacional para o Exército



Brasília, 26/08/2011 – O Governo Federal deu um sinal claro, ontem, de que pretende levar adiante a consolidação de uma base industrial de defesa no país. Um decreto assinado pela presidenta da República, Dilma Rousseff, liberou crédito suplementar no valor de R$ 45 milhões para o início do Projeto Astros 2020, destinado a equipar o Exército Brasileiro.

O projeto, que tem valor total de R$ 1,09 bilhão, prevê a aquisição do mais avançado sistema de lançamento de foguetes terra-terra desenvolvido no país. O Astros 2020 é uma versão evoluída do Astros II, maior sucesso de vendas da empresa Avibras Aeroespacial. Exportado para diversos países, o Sistema Astros é considerado líder no pequeno, seleto e competitivo grupo de concorrentes internacionais.

Ao todo, o projeto prevê a aquisição de 49 viaturas para o Exército, divididas em três baterias: 18 veículos lançadores, 18 veículos para transporte de munição, 3 unidades de controle e monitoramento de tiro, 3 estações meteorológicas, 3 de veículos oficina, 3 blindados de comando e controle para cada bateria e um último, integrado, de comando e controle de grupo.

A principal vantagem do novo conceito é a incorporação do AV-TM, míssil de cruzeiro com alcance de 300 quilômetros e alta precisão. Diferentemente dos foguetes – que têm trajetória balística, definida a partir do impulso que recebem –, o míssil é guiado e pode ter sua trajetória controlada. Outro avanço importante é na área eletrônica, que passa a ser toda digital.

Além de sinalizar a disposição de levar adiante o processo de reaparelhamento das Forças, a aquisição do Astros 2020 é vista como um ponto de equilíbrio para as finanças da Avibras. Em julho de 2008, a empresa requereu o regime de recuperação judicial. Posteriormente, iniciou um plano de capitalização com o Governo Federal, que envolve o refinanciamento de dívidas. A compra do sistema lançador de foguetes é mais um passo em direção ao saneamento econômico e financeiro da companhia.

A recuperação da Avibras tem uma dimensão estratégica para a indústria de defesa brasileira. Além da capacidade de exportar sua produção, a empresa desenvolve mão-de-obra especializada. A manutenção desse capital intelectual sinaliza interesse na produção de material de defesa com tecnologia exclusivamente brasileira.

O projeto é visto também como uma forma de incrementar a futura pauta de exportações e favorecer a balança comercial brasileira. Isso porque a negociação externa do produto exige, como condição essencial, que o sistema seja adotado por, pelo menos, uma das Forças Armadas do Brasil.

O investimento total no Projeto Astros 2020 será feito ao longo de seis anos – de 2011 a 2016.
Fonte: Ministério da Defesa

Comboio de seis carros blindados deixa Líbia e entra na Argélia

Um comboio com seis carros blindados que poderia transportar altos dirigentes líbios, incluindo o coronel Muammar Kadhafi, passou na sexta-feira (26) pela fronteira entre Líbia e Argélia, segundo a agência oficial egípcia "Mena", que citou uma fonte militar líbia rebelde.
"Seis Mercedes blindados passaram na manhã desta sexta-feira pela cidade de Ghadames", revelou a agência. O comboio foi escoltado até sua entrada na Argélia pelo chefe de uma "katiba" (brigada), explicou o militar rebelde, acrescentando que não pôde atacá-lo por falta de munição. "Pensamos que transportavam altos dirigentes líbios, possivelmente Kadhafi e seus filhos."

Kadhafi está desaparecido desde a entrada dos rebeldes em Trípoli, no final de semana passado.

Fonte: AFP via Uol

Rebeldes controlam aeroporto mas leais a Kadhafi resistem

TRÍPOLI, 27 Ago 2011 (AFP) -Os rebeldes anunciaram neste sábado controlar todo o aeroporto internacional de Trípoli, mas admitiram a existência de combatentes leais a Muamar Kadhafi na área, que dispararam na sexta-feira foguetes que destruíram três aviões civis na pista de pouso.

"Controlamos totalmente o aeroporto. Restam poucos focos de resistência na zona de Qafr ben Ghirshir", a dois quilômetros de distância, disse Bashir al-Taibi, líder dos rebeldes que afirmam controlar o aeroporto.

Nas ruas de Qasr ben Ghishir, uma multidão festejava a "libertação", aos gritos de "Kadhafi acabou para sempre".

"Ontem à noite, entre 60 e 80 carros do batalhão de Khamis Kadhafi, um dos filhos de Muamar Kadhafi, abandonaram a região e fugiram", declarou Moktar Lakder, comandante da rebelião.

Vários habitantes confirmaram que veículos de partidários de Kadhafi deixaram a área, alguns com armas pesadas.

Os combatentes leais a Kadhafi dispararam foguetes na sexta-feira e destruíram três aviões civis. Outras aeronaves foram atingidas.

De acordo com outro combatente rebelde, Basam Turki, ainda existem francoatiradores em Qafr ben Ghirshir.

Os rebeldes líbios, que conquistaram na sexta-feira a principal passagem de fronteira com a Tunísia, prosseguiam avançando neste sábado ante o regime agonizante de Muamar Kadhafi.

Combates esporádicos eram registrados na frente oriental e em Trípoli, enquanto vários países pediam a reconciliação. A comunidade internacional também quer evitar ações de vingança.

Um comboio com seis carros blindados que poderia transportar altos dirigentes líbios, incluindo o coronel Muammar Kadhafi, passou na sexta-feira pela fronteira entre Líbia e Argélia, informou a agência oficial egípcia Mena, citando uma fonte militar líbia rebelde.

"Seis Mercedes blindados passaram na manhã desta sexta-feira pela cidade de Ghadames", revelou a agência, que cita um conselheiro militar líbio desta localidade situada na fronteira com a Argélia.

O comboio foi escoltado até sua entrada na Argélia pelo chefe de uma "katiba" (brigada), explicou o militar rebelde, acrescentando que não pôde atacá-lo por falta de munição.

"Pensamos que transportavam altos dirigentes líbios, possivelmente Kadhafi e seus filhos".

Kadhafi está desaparecido desde a entrada dos rebeldes em Trípoli, no final de semana passado.

Uma fonte do governo argelino, no entanto, considerou pouco provável a entrada de Kadhafi no país. A Argélia afirma que mantém uma "estrita neutralidade" e se nega a interferir nos assuntos internos do país vizinho.

Argel não reconheceu o Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão político da rebelião.

Na região oeste da Líbia, os rebeldes assumiram o controle de Ras Jdir, área de fronteira com a Tunísia, e hastearam a bandeira da rebelião.

Na frente oriental, a Otan informou neste sábado que continua bombardeando Sirte, cidade natal de Kadhafi, e afirmou ter destruído, entre outros equipamentos, 11 veículos com armas e um blindado.

De acordo com um colaborador da AFP, na frente oriental, os combatentes leais a Kadhafi resistem em Ben Yawad, 140 km ao leste de Sirte. Também eram registrados confrontos em Ras Lanuf, 20 quilômetros mais ao leste.

Em um clima ainda tenso, a ONU, a União Africana (UA), a Liga Árabe e a União Europeia (UE) pediram a todas as partes no conflito que evitem represálias, anunciou Catherine Ashton, chefe da diplomacia da UE.

Fonte: AFP via Uol

EUA reforçam lobby sobre caças Boeing

Contra-almirante americano veio ao Brasil para discutir a troca de tecnologia


Rio – O lobby da Boeing na negociação para a compra de 36 caças pela Força Aérea Brasileira (FAB) recebeu reforço esta semana. O diretor do Escritório de Programas Internacionais da Marinha dos Estados Unidos (Nipo, na sigla em inglês), contra-almirante Joseph Rixey, participou de reuniões com representantes da FAB e da Marinha, em Brasília e no Rio de Janeiro, para discutir troca de tecnologia.
Um dos assuntos na pauta das reuniões foi o Acordo-Mestre de Intercâmbio de Informações (Miea na sigla em inglês), em negociação entre o nosso Ministério da Defesa e sua contraparte no governo ds Estados Unidos.
Os americanos, interessados nas tecnologias brasileiras de biocombustíveis e de construção de navios, querem que o tratado funcione como modelo para relações futuras em questões tecnológicas e militares. “O acordo permitiria a cooperação direta entre cientistas do Brasil e Estados Unidos em projetos de pesquisa e desenvolvimento”, destacou Rixey, em entrevista exclusiva ao DIA.
Segundo o contra-almirante, as divisões políticas no Congresso americano não ameaçam o compromisso de transferência de tecnologia dos aviões firmado na semana passada, caso o modelo da Boeing, o F-18 Super Hornet, seja escolhido.
No início do ano, a presidente Dilma Rousseff afirmou que a oferta da Boeing seria considerada apenas com a garantia de que a transferência tecnológica não tivesse risco de veto no Legislativo americano. (Reportagem de Aurélio Gimenez e Gabriel Costa)
Fonte: Jornal O Dia via aereo.jor.br